Há momentos na vida em que temos que nos desafiar.
Todos temos coisas assim, fazemos coisas para provarmos que somo capazes.
Por vezes dou por mim a pensar, “Duarte, será que és um homem capaz? Vá, pelo menos és um menino capaz?” e tenho de provar a mim mesmo que sim, sou.
Vou dar um exemplo pratico que me aconteceu, hoje:
De manhã, fui buscar o meu carro à oficina, que é em Sete Rios, aqui em Lisboa. Quando saí da oficina, decidi ir para a rádio. Escolhi um caminho, enganei-me e pensei “vou pôr o GPS”.
NÃO, ESPERA! (saltou para a conversa uma parte adormecida, e bem, do meu cérebro) E aí entrou a minha necessidade de validação como menino capaz!
“Espera, Duarte! Tu consegues sem GPS! Tu vais conseguir, Duarte!” dizia o meu cérebro com falsa confiança, como um amigo que me quer convencer a fazer uma idiotice. Mas a verdade é que cedi. Entrei em Monsanto e pensei “estou safo… Monsanto é simples”. Passado um bocado estava meio perdido, mas já não podia desistir, porque já havia investimento emocional e honrado. Eu não podia voltar atrás e ceder, à frente de todas aquelas - nenhuma - pessoas que me estavam a ver.
ERA UMA LUTA DO HOMEM CONTRA A TECNOLOGIA.
E eu não verguei. Porque sou um homem capaz, e os homens capazes não vergam.
E é com prazer que revelo, senhoras e senhores, que apenas 25 minutos depois…
Voltei a passar à frente da oficina!
Conclusão: Malta, eu não sei andar sem GPS.
Sabem aquelas pessoas que são super orientadas? Sabem as direcções: Este, Oeste, Norte e Sul? Sabem? Pois, eu não sou essa pessoa.
Mas mesmo assim, como parte do meu investimento, continuei a não desistir.
Porque, quando passei outra vez à frente da oficina, pensei “agora já aprendi e vou por um caminho que conheço melhor!”
Vira à esquerda, vira à direita, et voilá… Dei por mim e estava na ponte 25 de abril, novamente perdido, em direção a sul e sem poder voltar para trás.
Derrota absoluta.
Eu estava irado, piurso, vexado… de tal forma que tive a atitude adulta e, veja-se, amuei. Em vez de pôr o GPS tomei outra decisão.
“Aproveito e vou à Costa dar a volta, tenho um fato de banho no carro e dou um mergulho”
E foi o que fiz, escrevo estas palavras com o sal do mar agarrado à pele e tudo.
Fui à praia, dei um mergulho e foi uma maravilha.
Agora, se eu tivesse posto o GPS tinha-me privado de um excelente dia de praia.
Será que há aqui uma lição? Talvez.
Portanto, isto é para todos “os menininhos do GPS” que andam aí.
Sim, o GPS leva-te onde tu achas que tens de estar… Mas não pôr GPS levou-me onde eu precisava de estar e na verdade queria estar.
Aconselho, volta e meia mais vale não pôr o GPS.
E amanhã, se tudo correr bem, olhem… perco-me outra vez.