É bonita a azáfama que existe num aeroporto cheio. Há toda uma panóplia de diferentes pessoas, com as vidas delas, e que naquele momento, estão todas a convergir ali, no aeroporto. A ir, a vir… é uma espécie de um vértice de vidas.

Depois desta imagem simpática, há que dizer que há muita gente que me irrita solenemente na porcaria do aeroporto e tenho que falar sobre isso, para não começar a sangrar de um ouvido.

Por exemplo, viajei recentemente e fiquei sentado no banco do meio. Ao meu lado estava uma pessoa que não sabia a regra dos dois braços.

A regra é: O lugar da janela tem, obviamente, a janela e tem direito a um descanso de braço. O lugar da coxia tem o corredor (mais espaço), acesso à casa de banho sempre que quer e um descanso de braço. O lugar do meio tem… os dois espaços para pôr o braço, e é isso. Não tem mais nada.

Se tenho que ir ensanduichado entre duas pessoas, ao menos deem-me isto. Deixem-me usar os dois descansos de braço.

Como é que não se sabe esta regra? Devia ser ensinada na escola.

Outra coisa que testemunhei recentemente, a sala de espera estava cheia e não havia lugares livres para sentar.

Mas estava tudo ocupado por pessoas? Não. Alguns dos lugares estavam ocupados por malas. Sim, este fenómeno existe. Há pessoas que “sentam” as malas ao lado delas, para ocupar o lugar.

E eu peço, desde já, desculpa, mas se há gente a querer sentar-se e não pode porque tu tens o teu trolley da Hello Kitty no banco ao teu lado, és um selvagem e mereces coisas más.

Mereces, por exemplo, aquela sensação de ter um pico nas meias, quando as metes nos pés. Mas depois quando vais ver o que é, não encontras.

“Ahhh sinto que tenho um pico nas meias, mas não o encontro.”

É porque achas que era mais importante a tua mala “sentar-se ao teu lado”, do que dar lugar a uma pessoa.

Mais uma. Entrou no avião uma pessoa que trouxe comida, mas não foi uma comida qualquer. Foi Mac.

Não pode.

Mac tem um cheiro ultra característico e, ou trazes para todos, ou não podes trazer.

Atenção que eu sei que não dá para trazer para todos. As pessoas gostam de coisas diferentes.

“Não tragas Sundae que eu não gosto de Sundae, faz-me lembrar o meu ex-namorado.”

“O teu ex-namorado, então porquê?”

“Ah porque é muito frio e já toda a gente experimentou.”

(Estendo isto a tudo o que tenha cheiros intensos, bananas, laranjas, peixe, presunto. Não.)

A minha última irritação de hoje é com pessoas que estão a mexer no telefone quando o avião levanta e não metem em modo avião. Estão a mandar mensagens, ou estão no Instagram.

“Ahhh não faz mal, isso de os telefones serem perigosos para o avião é tudo tanga. Claro que o meu telefone não faz mal nenhum ao avião. Achas que se fosse assim tão dramático não confirmavam se estava em modo avião?”

Eu honestamente, não sei. Provavelmente a pessoa tem razão.

Mas se por acaso der asneira e precisarmos de aliviar o peso do avião, a primeira pessoa a ir pela janela é ela!

Aliás, só não é, porque eu não acho que faça sentido atirar a minha própria mulher pela janela.

Sim, é a minha mulher que faz isto. E eu até acho que ela faz de propósito porque sabe que eu não fico confortável com isto.

Quase de certeza que, na maioria das vezes, o telefone até está em modo avião, mas ela gosta de me ver tenso. Porquê? Porque somos casados.

E porque é isto que define um casamento.



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