O mundo gira e nós com ele.

O tempo passa, um dia somos novos e, no dia seguinte, do nada, somos pessoas idosas que fazem coisas de idosos.

Tendo sentido o peso das minhas atividades. No outro dia falei sobre ver televisão… Mas entretanto, reparei que faço coisas muito piores.

Esqueçam ver televisão, eu vejo à janela. Às vezes vou só para a janela ver gente na rua e refilar.

Dou por mim a ver alguém a estacionar mal e a dizer coisas tipo “o que é que esta pessoa está a fazer?”

Quando vejo jovens, que não pertencem à minha rua, estranho a presença deles (como se a rua fosse minha, e como se não fosse uma rua onde é normal passarem pessoas).

Como qualquer pessoa mais velha, coleciono sacos de plástico. Tenho um saco de plástico que serve para guardar outros sacos de plástico. Só! Guardo sacos que acho que são bons e podem vir a dar jeito, mas depois esqueço-me que existem.

A quantidade de sacos de supermercado (dos bons) que eu tenho em casa, não faz sentido. Sempre que vou ao supermercado compro um saco, penso, “para a próxima tenho saco”, e depois não levo e repete-se ad eternum… e será assim até ao final dos tempos onde a minha casa será consumida por sacos de supermercado.

Sinto que daqui até colecionar copos de iogurte vazios é um tirinho.

Envelhecer é assim, um dia estamos bem, no outro dia alguém nos cede o lugar no autocarro e nos trata por senhor.

Um dia somos jovens e fixes e no dia a seguir os nossos filhos dizem que estamos a ouvir a televisão muito alta.

Um dia somos bonitos, no outro dia o barbeiro pergunta se é para cortar os pelos das orelhas.

Não é um drama, é o que é. Envelhecer é mais fácil se soubermos aceitar. Até porque não há nada mais velho do que não saber envelhecer. Não há nada mais velho do que tentar parecer jovem eternamente.

Felizmente, não tenho esse problema, sei envelhecer e por isso… pintei o cabelo de ruivo.


Ouve aqui todos os episódios no Podcast Dudas de un Hombre.