Raquel tem doença neuromuscular e foi deixada sozinha 13 horas no aeroporto

COMEÇOU COMO UMA VIAGEM PARA COMEMORAR O ANIVERSÁRIO DE UM PRIMO EM AMESTERDÃO E ACABOU DE FORMA INSÓLITA

Jéssica Santos
Jéssica Santos


Raquel Banha, de 26 anos, sofre de uma doença neuromuscular e anda de cadeira de rodas. Pela primeira vez, foi convidada para uma viagem entre amigos, mas que acabou da forma menos feliz e mais insólita. No regresso, devido a um "erro humano" da TAP, Raquel não pôde embarcar no voo e esteve 13 horas no aeroporto de Amesterdão, como avança o jornal Público.

Segundo conta ao P3, esta seria a primeira vez que Raquel ia em viagem sem os pais. Se para alguns de nós, os bilhetes de avião podem sair às vezes mais baratos, para Raquel não. Por se deslocar numa cadeira de rodas, e ter 94% de incapacidade física, Raquel precisou de uma assistente pessoal para viajar consigo, o que duplicou as despesas. Feitas as contas, 1500 euros seriam apenas para a assistente pessoal. Como a vida não está fácil para ninguém, Raquel decidiu fazer uma angariação de fundos e em poucos dias conseguiu o valor. Marcou a viagem de Lisboa para a Amesterdão no dia 19 de abril.

Assim foi. Correu tudo como planeado, menos o regresso. No dia 24 de abril, Raquel e a assistente pessoal estavam no aeroporto de Amesterdão, prontas para voltar para Lisboa, até que foram impedidas de embarcar.



Raquel conta ao P3 todas as peripécias que enfrentaram naquele dia. Primeiro, o ambulift, a plataforma que eleva passageiros em cadeira de rodas até ao avião, não estava disponível. "Por norma, vou com a cadeira de rodas elétrica até à porta da cabine, através do ambulift, onde passo para uma cadeira particularmente reduzida que me permite não só passar pela porta da cabina, mas também circular no corredor do avião", explica. Como não estava disponível, propuseram que a cadeira elétrica fosse despachada diretamente para o porão, e que Raquel usasse uma cadeira de rodas manual (cedida pelo aeroporto) para chegar à cabina, com a ajuda da assistente pessoal.

Só que depois foram impedidas de entrar no avião: "A resposta que nos foi dada foi que o supervisor da TAP não autorizava o meu embarque, mesmo com a alternativa apresentada, pois não tinham informações sobre a cadeira elétrica". Ainda tentaram falar com o supervisor da TAP, mas sem sucesso.


Nesse dia, Raquel e a assistente pessoal ficaram sozinhas durante 13 horas no aeroporto de Amesterdão sem qualquer assistência, alojamento ou refeições. Acabaram por comprar um voo da holandesa KLM para a manhã seguinte, por 2250 euros.

Ao P3, a TAP deu uma outra versão desta história: "Devido a um erro humano, os serviços da Swissport no aeroporto de Amesterdão não puderam acionar atempadamente os meios necessários, nomeadamente o ambulift. Na impossibilidade de acionar o ambulift, a Swissport procurou ativamente uma alternativa e a mesma foi proposta à passageira. Seria possível ter procedido ao embarque com a transferência para uma cadeira de rodas do aeroporto, que transportaria a passageira do check-in até à porta de embarque. A passageira recusou inicialmente esta alternativa e quando, mais tarde, mudou de ideias e a aceitou, já não havia tempo útil para que a solução alternativa fosse posta em prática".

Ainda referem que "acompanharam a passageira e a acompanhante até ao balcão do aeroporto de forma a oferecer a mudança da reserva para o primeiro voo do dia seguinte sem custos adicionais, acomodação em hotel e refeições". Só que "a meio do percurso, a passageira dispensou o atendimento que lhe estava a ser prestado".


Toda a versão da TAP, Raquel e Ana refutam. Dizem que em nenhum momento a TAP as acompanhou ou lhes ofereceu soluções.


(Imagens: Instagram)




A RFM perto de ti