Muitas delas nunca conheceram outra morada se não a rua da Conceição, em Lisboa. Algumas estão lá há mais de 100 anos e muitas pessoas atraíram pela curiosidade e pela necessidade em comprar, por exemplo, agulhas, linhas e botões.


Se, há uns anos, as retrosarias, localizadas na baixa de Lisboa, encantavam quem passava pelas montras e pelas histórias que guardavam, hoje em dia, contam-se por uma mão aquelas que resistem. Há alguns anos, existiam 15 retrosarias na rua da Conceição - conhecida como a rua dos retroseiros, em Lisboa - e agora são apenas quatro.


Com as compras online e com a facilidade em encontrar tudo o que é necessário numa loja de um centro comercial, as retrosarias da baixa lisboeta estão a fechar e a dar lugar a novos hotéis, casas e restaurantes.


Um dos resistentes é Alfredo Ricardo, que gere a retrosaria Alexandre Brito há 30 anos, segundo a SIC Notícias. A loja abriu em 1898 e, há uns anos, faziam fila para entrar. Neste momento, são apenas alguns clientes que procuram estas lojas, como os turistas que passam e ficam curiosos.


Também a retrosaria Adriano Coelho tem sobrevivido por "resiliência e por ser um tipo de negócio muito complexo e trabalhoso", tal como o próprio afirmou ao mesmo canal. Abriu portas em 1912 para todos aqueles que "procuram botões, dedais ou linhas".



Neste momento, são 11 as retrosarias que fecharam portas e que estão entaipadas, em ruínas ou dedicadas a outros negócios. O site "A Mensagem" fez uma lista sobre o estado atual das retrosarias que faziam furor na rua da Conceição.


  • N.º 39 – Era a retrosaria Lara: hoje é uma loja de souvenirs;
  • N.º 60-64 – Retrosaria Nardo: aberta;
  • N.º 67-66 – Alexandre Bento, LDA.: aberta;
  • N.º 71-77 – Era a Retrosaria Grilo: está um hotel em construção;
  • N.º 79-81 – Era a Luís S. Fernandes: edifício fechado;
  • N.º 83 – Arquichique: edifício fechado;
  • N.º 89 – Mário Ramos Lda.: fechada para obras;
  • N.º 91 – Retrosaria Bijou: aberta;
  • N.º 93-95 – Retrosaria JR da Silva: edifício fechado;
  • N.º 121-123 – Adriano Coelho: aberta.

As retrosarias estão protegidas pelo programa "Lojas com História", que impede o aumento das rendas e isenções fiscais. No entanto, segundo o mesmo site, "nem sempre é suficiente".


Isto porque "há um problema de modelo de negócio e de mundo a mudar". Com a abertura de mais lojas de fast fashion e a rapidez com que se faz compras online, será que ainda alguém costura? E quem procura por botões e fechos?


As retrosarias lisboetas tentam a todo o custo manter as portas abertas, apesar dos muitos desafios que enfrentam, atualmente.


(Imagens: Reprodução de vídeo)