Ter uma alimentação saudável e equilibrada é o objetivo de muitas pessoas. Uma ida ao supermercado resulta em tentativas de comprar imensos legumes e frutas para tentar evitar a todo o custo aqueles doces irresistíveis que parecem estar em todos os corredores.

Nos Estados Unidos, a tarefa tornou-se agora ainda mais complicada, isto porque, estudos realizados nos EUA mostram que não basta apenas seguir a tabela de alimentos.

Muitos dos alimentos saudáveis da alimentação contêm pesticidas que são bastante prejudiciais para a saúde, de acordo com o estudo.

Estes pesticidas, segundo o mesmo estudo, estão associados a nascimentos prematuros, malformações congénitas, aborto espontâneo e a um aumento dos danos genéticos nos seres humanos. A exposição aos mesmos pode também resultar em concentrações mais baixas de esperma, doenças cardíacas, cancro e outras doenças.

Os números podem chocar-te: cerca de 95% dos morangos não biológicos, espinafres, couve, uvas, pêssegos e peras testados pelo governo dos Estados Unidos continham níveis detetáveis de pesticidas, segundo o ‘2024 Shopper’s Guide to Pesticides in Produce’.

A esta lista juntam-se também as nectarinas, maçãs, pimentos e pimentas, cerejas, mirtilos e feijão verde que completam, assim, a lista das 12 amostras de produtos mais contaminados.



A Environmental Working Group (EWG), uma organização de defesa do ambiente e da saúde, que produz o relatório anual desde 2004, apelida a lista como a “Dirty Dozen” (Dúzia suja, em português).

Apesar das más notícias, os seguintes alimentos têm menos pesticidas presentes:

Abacates, milho doce, ananás, cebolas e papaias fazem parte da lista oposta, isto é, lideram a lista dos “Clean Fifteen” (Quinze Limpos).

E o que significa esta nova lista? São produtos que foram cultivados convencionalmente com a menor quantidade de vestígios de pesticidas, cerca de 65% não tinham resíduos de pesticidas detetáveis, de acordo com o relatório divulgado no dia 20 de março.

Para completar a lista, podes também comer sem medos ervilhas doces congeladas, espargos, meloas, kiwis, repolhos, melancias, cogumelos, mangas, batatas-doces e cenouras.



O estudo feito pela EWG, referente a este ano, consistiu na análise de 47.510 amostras de 46 frutas e legumes não biológicos. Na investigação, foram encontrados vestígios de 254 pesticidas, sendo 209 desses produtos químicos em produtos que constam da lista “Dúzia Suja”.

A diferença encontrada na lista pode ter uma explicação.

De acordo com Alexis Temkin, toxicologista sénior da EWG, descobriram que “o que acaba numa lista ou na outra reflete a forma como essas frutas e legumes são cultivados. Os abacates, por exemplo, não são intensivos em pesticidas, enquanto que os morangos crescem muito perto do solo e têm muitas pragas".

Os agricultores, por sua vez, acusam o relatório de ser injusto, considerando que 70% dos produtos não biológicos testados pelo USDA e pela FDA têm níveis de pesticida dentro dos limites legais.

Steve Clement, diretor executivo da Pacific Northwest Tree Fruit, afirma que “Quando este relatório é publicado, é como se nos esfaqueassem um pouco, porque estamos a trabalhar arduamente para produzir um produto saudável e a implicação da lista 'Dúzia Suja' é que não é saudável".

Alexis Temkin diz, no entanto, que "níveis legais não significam níveis seguros". Exemplo disso é o uso de herbicida nos produtos após estudos apontarem para preocupações na tiróide, durante anos. O pesticida foi retirado em 2023.

"O feijão verde, por exemplo, continua a apresentar vestígios de acefato, um pesticida tóxico cuja utilização no feijão verde foi proibida pela EPA há mais de 10 anos", acrescenta Temkin. “Muitos dos pesticidas que constam da lista "Dúzia Suja" foram também proibidos na União Europeia devido aos seus efeitos nocivos para a saúde humana".

As conclusões do estudo não são, no entanto, motivo para deixar de ter uma alimentação variada e equilibrada.

O toxicologista sénior da EWG refere ser importante que as pessoas comam muitas frutas e legumes, mesmo que sejam cultivados convencionalmente.

Uma forma de reduzir os níveis de pesticidas encontrados nos alimentos é limpá-los antes de comer. Mas atenção, o Centro Nacional de Informação sobre Pesticidas avisa que "nenhum método de lavagem é 100% eficaz para remover todos os resíduos de pesticidas”.

O truque é, de mãos limpas, lavar e esfregar os produtos em água corrente.

Deves apenas secar os produtos com um pano limpo ou uma toalha de papel para reduzir as bactérias que possam estar presentes, sem recorrer a sabão ou detergente, segundo a FDA.