Porque é que eu gosto dos santos? Honestamente não sei.
Se eu tivesse de explicar os santos a alguém, o fenómeno dos santos, nem sei por onde é que começava.
“Então, chega junho e com ele as ruas enchem-se de cor e alegria…
E por “cor e alegria” entenda-se “xixi e cheiro a fritos”.
VAMOS SANTOS!
Há 3 grandes celebrações (segundo vi na internet).
São elas, o Santo António, o S. João e o S.Pedro.
O Santo António é o casamenteiro, daí as noivas de santo António e daí haver tanta malta que se enrola nos santos…
Não é álcool, é milagre.
É que álcool há, o ano todo. Quando aquele teu amigo que nunca se safa, vai aos Santos e se safa, não interessa se é com uma velha que está no bailarico, isso sim, é um milagre!!
O Santo António é o mais celebrado em Lisboa.
Tem marchas, tem casamentos, tem sardinhas, tem febras, tem febras com sabor a sardinha, tem sardinha com sabor a febras, tem pessoas com cheiro a sardinha e febras, tem manjericos, tem bailaricos, tem jola (vulgo cerveja), tem música brasileira e hispânica.
No fundo, tudo exatamente como no tempo de Santo António.
É um “programaço”!
É, sobretudo, a possibilidade de te perderes dos teus amigos.
Honestamente, mais vale saíres logo sozinho de casa, a probabilidade de voltares com as pessoas com quem saíste é super baixa.
Eu, nos Santos, pareço um cão rafeiro de rua. Encontro alguém que me faz uma festinha e vou atrás, até encontrar outra pessoa qualquer que me faça uma festinha e vou atrás dessa… E por aí fora até chegar a casa.
Daqui a uns dias, temos o S.João, o festeiro.
É mais celebrado no Norte, mas não só, e é semelhante ao santo António, mas com martelinhos que apitam e, funcionam muito bem como quebra-gelo (disse-me o Daniel Fontoura, do Café da Manhã, e eu acredito). Confesso que, a seco, a ideia de dar com um martelo na cabeça de uma potencial parceira é uma excelente forma de perder os dentes da frente. Mas ele garante-me que é divertido.
Há ainda o S.Pedro, o pescador, mais festejado no Sul, mas não só, que também segue um formato semelhante aos anteriormente mencionados.
Agora, eu não sei quem gosta de Santos e quem não gosta.
Mas honestamente, eu teria muita dificuldade em explicar os Santos a alguém e teria ainda mais dificuldade em explicar a alguém porque é que aquilo é giro.
No fundo, ir aos Santos é o quê?
É dançar com velhotas desdentadas em bailaricos
É cheirar mal e pisar xixi…
É usar chapéus de sardinha pouco dignos…
É levar com martelinhos
É ser empurrado para onde não queres ir
É perderes-te de toda a gente
É fazeres amigos e esqueceres-te que são, no minuto a seguir
É ANDAR BUÉEEEEEE
É ouvir música tradicional. Mas tradicional do brasil ou da américa do sul, porque hoje em dia “tradicional portuguesa” sai pouca.
Se não fizeres o comboio ao som da piradinha nem podes dizer que foste aos Santos.
É, claro, ser indrominado no preço da sardinha e da febra…
É tudo isto e muito mais.
A pergunta que se impõe é “E porque é que se anda neste mar de caos?” “Porque é que se nada nesta maré de urina?”
Porque, senhoras e senhores (som de bater tambores)
É porque, preparem-se:
Pam pam pam paaam
Estamos com os copos!
Ir aos Santos sóbrio é terrível.
A verdade é que eu, hoje em dia, vou pouco. Até porque atualmente tem muita gente, e se querem saber uma coisa sobre mim, saibam que eu gostava dos Santos era antes de eles serem populares.