Tipo crónica com Duarte Pita Negrão: Uber hípico
O Duarte tem opiniões. Fundamentadas? Ahah Não. Sérias? Hmmm também não. Valem a pena? Errr… boa pergunta!
Tornaram-se virais as imagens de um estafeta da Uber Eats, em Sidney, a fazer entregas a cavalo.
Eu achei isto encantador e engenhoso.
Quem é a pessoa que pensa, “Não há trotinetes? Não há problema. Vou a cavalo!”
É uma boa ideia, porque não é preciso carta para montares a cavalo, e até podes aprender online, se precisares.
Procura “como montar a cavalo?” no Google, e aparecem resultados…
Um deles é, e não estou a gozar, “como montar um cavalo? 13 passos (com imagens)”.
No fundo, montar a cavalo é um pouco como ter uma mota gigante que estaciona sozinha e se desvia dos carros. É como uma mota com Inteligência Artificial que faz “clop clop clop clop”… em vez de “vruuuuum”.
E sim, larga dejetos enormes, mas anda a combustível bio. Que é como quem diz, a erva.
Portanto, não é preciso carta e não gasta gasolina. Até aqui só vejo coisas boas.
Diz a notícia original que a situação está a ser investigada.
Investigada, porquê? Só se for por INVEJA.
Se pensarmos bem, e por “bem” entenda-se “assim-assim”, além destas vantagens todas, fazer entregas a cavalo ainda tem o pormenor, não irrelevante, de conferir status.
Pois é, tem estilo.
Sim, fazes entregas da Uber, mas vais a cavalo.
És quase um emissário de El-Rey… Provavelmente um emissário de El-Rey dos Frangos de Moscavide, mas ainda assim, tem status real.
Para mim, isto é um bocado a prova que a crise afeta todos. Pensemos, “quem é que tem cavalos?” Os betos.
No fundo, isto, para mim, é a prova de que a crise chegou aos betos. Até os betos entregam Uber.
Se pedires fast-food, o estafeta é um dos clássicos, numa trotinete, mas se pedires algo com categoria, tipo Brasserie De l’Entrecôte, vai um beto montado num puro-sangue lusitano.
“Atenção que caiu mais um pedido… é um bife da Brasserie De L’Entrecôte?” Manda o Lourenço.
Em casa, na herdade, a mãe do Lourenço reage com voz nasalada:
Lourenço Maria de Espírito Santo Cunha e Sá, vai sair? Vai trabalhar nas suas entregas, não é?
Tão querido, parece um pobre, adoro!
Leve o puro-sangue lusitano que está no estábulo, que amanhã o seu pai não vai jogar polo. Portanto pode levar.
As rédeas estão na mesa de entrada!
E depois, como aqueles Ubers que levam a namorada atrás, o Lourenço também leva a Constança dele.
Pergunta a mãe:
Lourenço, vai levar a Constança?? Que amor!
Nós adoramos a Concha… é de ótimas famílias.
Coitada, tem um irmão que trabalha no Bolt, e vai de trotinete, mas sabe como é que é… é artista.
- Fim de dramatização -
Na verdade, o único inconveniente que vejo neste formato de entregar Uber a cavalo, é que se estiveres atrasado e precisares de mandar um bom galope, daqueles à carga, a pizza vai chegar em modo calzone.
Mas pronto, nem tudo é perfeito.