Portugueses e a Covid-19: Não conhecemos a doença, mas achamos que conhecemos
UM ESTUDO DA GFK METRIS PARA A PLATAFORMA THE BLINDSPOT CONCLUI QUE OS PORTUGUESES TÊM POUCOS CONHECIMENTOS SOBRE A COVID 19. MAS PENSAM QUE TÊM.
Não estamos bem informados, mas dizemos que sim. Esta é uma das principais conclusões de um estudo feito pela GfK Metris para a plataforma The Blindspot sobre os portugueses e a Covid-19.
O inquérito “Pandemia Covid-19: Conhecimentos e perceções da população portuguesa” explorou questões como a perceção da taxa de mortalidade global entre as pessoas infetadas, o que é os inquiridos percecionam como uma pandemia ou se se consideram bem informados.
O resultado do estudo da GfK Metris/The Blindspot não podia ser pior. A perceção dos portugueses é que sabem o que é uma pandemia, qual a mortalidade da Covid-19 ou quantas estirpes conhecidas existem. Na realidade não sabem, apenas pensam que sabem.
A quase totalidade dos entrevistados considera-se muito informado (29%) ou moderadamente informado (62%). Apenas 9% dos entrevistados se consideram mal informado nas questões sobre a Covid-19.
No entanto, no estudo sobre conhecimentos e perceções da população portuguesa sobre Covid-19 é bem claro que não estão bem informados. A maioria dos entrevistados responde de forma errada à generalidade das questões sobre a Covid-19 e as suas consequências.
No estudo, a perceção média é de que morreriam 22% dos infetados, ou seja, uma em cada cinco pessoas. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o rácio de mortalidade bruta (número de mortes reportadas dividido pelo número de casos reportados) situa-se nos 3%-4%. A OMS reconhece que, no entanto, a mortalidade da Covid-19 levará algum tempo a entender e que esta é afetada pelo acesso e qualidade dos cuidados de saúde.
Outra questão onde os entrevistados falharam é na percentagem de assintomáticos ou com sintomas ligeiros. A percentagem de infetados nestas condições é superior a 75%, mas os entrevistados do estudo sobre conhecimentos e perceções dos portugueses sobre a pandemia da Covid-19 pensam que o número de assintomáticos é inferior ou mesmo muito inferior. Apenas 10% dos entrevistados sabem que a grande maioria dos infetados pela Covid-19 não apresenta sintomas ou os que apresenta são ligeiros.
Também é patente, neste estudo da GfK Metris/The Blindspot, que está distorcida a perceção dos portugueses sobre a percentagem de mortes associadas à Covid-19 em relação ao total de mortes. No estudo, a estimativa média é de que 32% das mortes no mundo foram consequência da Covid-19. Na realidade este valor é substancialmente mais baixo. De acordo com a OMS, as mortes por Covid-19 representam menos de 1,5% do total de óbitos no mundo, nos primeiros seis meses do ano.
Nem tudo é mau nos conhecimentos e perceções dos portugueses sobre a pandemia. A esmagadora maioria dos entrevistados (82%) sabe que o vírus se propaga mais facilmente em ambientes fechados.
Este estudo foi realizado pela GfK Metris junto de um conjunto de indivíduos, com 18 e mais anos, residentes em Portugal. A amostra teve por base 602 entrevistas. A distribuição das entrevistas foi feita de acordo com a população portuguesa, nas variáveis sexo, idade e região. A recolha incidiu entre os dias 4 a 19 de junho de 2020 e decorreu nos fins-de-semana, entre as 15h e as 22h, e nos dias úteis entre as 17h e as 22h. Margem de erro máxima de 4% (para um intervalo de confiança de 95%).