O aviso já foi feito há mais tempo, só que ninguém parece ter ligado e eis que volta a ser assunto.


Por onde quer que se passa, onde há pedras, há quase sempre “mariolas”.


É uma espécie de moda colocar, em jeito de pirâmide, pedra sobre pedra até a pilha se conseguir equilibrar. Só que este empilhar de pedras não é nem uma diversão nem um exercício de “estás a ver, sou capaz!”.


As mariolas existem para marcar trilhos, sobretudo, em zonas montanhosas ou de serra. É certo que as vemos também, mais recentemente, junto à água, em praias e rios, onde há pedras e seixos, e em outros sítios apenas porque as pessoas as querem empilhar, por diversão ou para desafiar a sua veia de equilibrista de pedras.


O que é verdade é que as mariolas existem desde há muito tempo e, como diz Luís Nunes, natural da Covilhã, numa publicação, “são essenciais para garantir a segurança de quem percorre os trilhos das grandes serras. No passado, serviam de marcos de orientação para os pastores, sobretudo, em condições atmosféricas difíceis como neve ou nevoeiro. Tantos anos depois, continuam por lá e não perderam a sua função — se passear ovelhas já não é o que era, elas continuam a ser essenciais na marcação dos trilhos para os caminhantes. As mariolas podem ter apenas duas ou três pedras ou chegar aos vários metros de altura. Estão colocadas em pontos altos, acima da vegetação, de forma a que de um se aviste o próximo.”



Luís Nunes acrescenta ainda, na sua publicação no Facebook:


Chegar à Serra e empilhar pedrinhas por todo o lado só porque alguém passou e o fez antes não é uma moda, não é "deixar uma marca", não é "zen" nem é "land art". Não é como fazer um boneco de neve que derrete num par de horas, é um disparate pegado, é poluição visual em Paisagem Protegida, é destruir a utilidade das estruturas originais, é deixar um caminheiro 'às aranhas' à procura da direção correta num trilho, é desviar a atenção da paisagem que é bem mais bonita sem 'ajuda', e ainda perturba os pequenos animais que se abrigam debaixo das rochas - escorpiões e víboras incluídos, bastante comuns na Estrela.”


Hoje em dia, há pedras empilhadas, “mariolas” em tudo quanto é sítio, no Terreiro do Paço em Lisboa, junto a rios, riachos, praias de seixos, como nas ilhas da Madeira e dos Açores, montanhas, serras ou qualquer outro tipo de paisagem onde haja pedras.


Pois, dizem os peritos, como Luís Nunes, que as mariolas não devem ser feitas só porque sim. Elas existem ou são construídas para marcar trilhos. Chegar a um local e ver várias “mariolas” baralha, por completo, os caminhantes ou os pastores caso estejam em pastagens menos usuais ou caso haja, por exemplo, neve ou nevoeiro.


Também descaracterizam as paisagens e alteram os habitats, como avança esta publicação.