Nunca é demais ver o nosso trabalho reconhecido. Nem mesmo quando se tem várias distinções, resultado de 50 anos de carreira cheios de sucessos. Esta não foi a primeira medalha que Herman José recebeu, mas não foi por isso que deixou de ser especial. E, nem mesmo num momento cerimonial, o comediante deixou de lado o humor e fez um discurso hilariante.


No dia em que completou 70 anos, Herman José recebeu um presente muito especial: foi condecorado com a Medalha de Mérito Cultural, concedida pelo Governo português. A cerimónia aconteceu no Palácio de São Bento, com a presença do primeiro-ministro cessante, António Costa, e do ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva.


Num discurso repleto de humor e reflexões, Herman revelou detalhes fascinantes sobre a sua jornada como humorista. Desde tenra idade, ele já demonstrava a sua aptidão para fazer as pessoas rirem, imitando professores na escola alemã de Lisboa onde estudava. Segundo ele, havia três tipos de professores: aqueles que achavam engraçado, os que realmente gostavam e os "perigosos", que esboçavam apenas um sorriso misterioso.

Falando sobre liberdade humorística, Herman José relembrou momentos desafiantes, como quando o seu programa de televisão "Humor de Perdição" foi retirado do ar. No entanto, recebeu apoio inesperado do então Presidente da República, Mário Soares, que o encorajou a persistir.



Em tom de brincadeira, Herman compartilhou histórias sobre as vezes em que foi condecorado, incluindo o momento em que Mário Soares lhe ofereceu o grau de Comendador da Ordem do Mérito. E agora, sendo homenageado novamente, desta vez por António Costa, Herman expressou a sua gratidão, com muito humor à mistura, claro.

Ao terminar o discurso, Herman autoproclamou-se como "a maior cabeça do teatro português", brincando com a sua própria figura, e descreveu-se como alguém que nasceu com uma "doença chamada 'humoristite' aguda", uma inclinação natural para o disparate e a comédia em todas as situações.

Nem António Costa, Fernando Medina e até Georgina Rodríguez se livraram do humor de Herman. O que é que estes três nomes têm em comum?

"Imagine que se mantinha primeiro-ministro e que daqui a uns meses me estava a ligar: 'Herman José, pá! Vou precisar de si para me ajudar a descobrir o novo sítio para o aeroporto'. Ou pior ainda, ligar-me o senhor ministro das Finanças, Fernando Medina: 'Tenho aqui um problema, tenho 4 mil milhões a mais e não sei como hei de gastar isto'. Tínhamos de ir avião à Arábia Saudita para pedir a Georgina emprestada durante 15 dias."


A propósito ainda dos 50 anos de carreira, Herman José vai celebrá-los com a RFM, com concertos em Lisboa e no Porto.