O excesso de turismo em Lisboa é notado não só pelos portugueses, mas também por nuestros hermanos.


Os vários tuk-tuks que se misturam com os icónicos elétricos, criando um caos pelas ruas estreitas e íngremes da cidade, os turistas, ávidos por darem o check na lista de coisas a visitar, os restaurantes com filas à porta, o trânsito que acaba por ser uma constante. Todos estes fatores não passam despercebidos e são alguns dos contras do excesso de turismo.


O jornal espanhol "El País" fez uma reportagem sobre como o "sucesso do turismo está a matar Lisboa". Através do testemunho de alguns dos moradores, a reportagem faz o paralelo entre aquilo que Lisboa é atualmente e o que já foi. Se antes era um tesouro escondido na Europa, hoje em dia é o destino que todos querem visitar. Os seis bairros históricos - Castelo, Mouraria, Alfama, Chiado, Sé e Baixa - que compõem a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior - são hoje o epicentro de um fenómeno de gentrificação. A população local foi forçada a mudar-se, substituída por um fluxo incessante de visitantes e investidores imobiliários.


A crise do euro trouxe mudanças drásticas, leis que atualizaram alugueres antigos e políticas fiscais que atraíram capital estrangeiro resultaram em despejos em massa. Ainda que tenha havido um lado positivo - a reabilitação de edifícios em ruínas foram arranjados - nenhuma medida é vencedora quando resulta "numa deslocação massiva de portugueses para a periferia".



Infelizmente, isto já não é novidade nenhuma para os portugueses - que já se começam a habituar a esta dura realidade - e, agora, acaba por chamar a atenção de outros países, neste caso Espanha.


O turismo que, segundo o jornal "El País", trouxe 30 milhões de visitantes e gerou 25 mil milhões de euros em receitas, em 2023, transformou Lisboa. As lojas tradicionais estão a fechar, à semelhança do que também está a acontecer no Porto, para darem lugar a bares modernos e instagramáveis com preços que apenas os turistas podem pagar.


Todas estas mudanças gritantes levam a que "a Lisboa cool de roupas penduradas, azulejos e fachadas coloridas que no ano passado foi eleita o melhor destino urbano da Europa nos World Travel Awards" desapareça.


"O turismo dizimou tudo", conclui a reportagem do "El País".