Nadadora transexual gera polémica por competir em provas femininas

LIA THOMAS CONQUISTOU A MEDALHA DE OURO NOS CAMPEONATOS UNIVERSITÁRIOS DOS ESTADOS UNIDOS E AINDA ANTES DE SUBIR AO PÓDIO JÁ ESTAVA A SER ALVO DE CRÍTICAS

Madalena Costa
Madalena Costa


Lia Thomas é um nome que, para muitos portugueses, pode ser desconhecido, mas, nos Estados Unidos, a conversa é outra.


Nadadora transexual, Lia Thomas, com apenas 22 anos, fez história há poucos dias! Tornou-se a primeira mulher transexual a vencer uma competição universitária nos Estados Unidos. Com este triunfo vieram muitas críticas e uma discussão que está a dividir os americanos.


A polémica começou na quinta-feira, 17 de março, dia em que Lia Thomas subiu ao pódio depois de ter conquistado uma medalha de ouro nas provas da National Collegiate Athletic Association.


Com essa vitória, muitos protestaram contra a participação de uma atleta transexual numa prova feminina.

De acordo com uma carta escrita por 16 dos 37 nadadores da equipa de natação da Universidade da Pensilvânia, da qual faz parte a nadadora Lia Thomas, esta é "uma vantagem injusta sobre a competição na categoria feminina, como é evidenciado pelos seus resultados: ela passou da posição 462 como homem para o número 1 como mulher".


Ainda muito se falou de uma fotografia em que a nadadora medalhada surgiu afastada das restantes nadadoras que se juntaram no degrau do terceiro lugar. Muitos julgaram que se tratava também de um protesto, mas Erica Sullivan, uma das participantes na prova, garantiu que tudo não passou de um mal entendio.



Porém, a polémica estava efetivamente instalada e o presidente da World Athletics sentiu necessidade de comentar o caso. Sebastian Coe mostrou-se, em declarações ao "The Telegraph", reticente quanto à participação de atletas transexuais de forma livre e justificou-o dizendo que "para mim, não existe qualquer questão sobre o facto de a testosterona ser determinante na performance. O género não pode apagar a biologia. Como presidente da World Athletics, não me posso dar a esse luxo […] A ciência é importante".


Até à mudança de sexo de homem para mulher, Lia Thomas competiu na equipa masculina de natação e saltou para a equipa feminina quando, de acordo com as regras da National Collegiate Athletic Association, completou um ano de tratamentos de supressão de testosterona. No entanto, para a USA Swimming - orgão americano que regula o desporto -, e de acordo com o "Observador", "as atletas transexuais têm de ter no máximo 5 nmol (nanomoles) por litro de testosterona durante 36 meses (as mulheres cisgénero têm em média entre 0,21 e 3)".

Neste momento, Lia Thomas ainda não consegue ser federada, não pode arrecadar recordes não universitários como também não pode participar em provas olímpicas.


O sonho da nadadora transexual é competir nos Jogos Olímpicos de Paris, que acontecem em 2024, mas, para tal, terá de continuar os tratamentos de supressão de testosterona.




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