Astrónoma norte-americana quer apagar o nome de Fernão de Magalhães dos céus

Uma astrónoma norte-americana considera que as duas galáxias satélites mais brilhantes da Via Láctea estão a ser obscurecidas pelo nome que receberam, que "homenageia um violento colonizador".

Jéssica Santos
Jéssica Santos


Numa reviravolta cósmica, uma astrónoma norte-americana está agora empenhada em retirar o nome do navegador português Fernão de Magalhães dos céus, alegando que é um "colonizador, traficante de escravos e assassino" que não merece ser celebrado nas estrelas.

As galáxias satélites mais brilhantes da Via Láctea, a Pequena e Grande Nuvem (de Magalhães), foram rebatizadas em homenagem a Magalhães, que as usou como ponto de orientação durante a primeira viagem de circum-navegação do planeta. No entanto, a docente da Universidade Amherst, Massachusetts, Mia de los Reyes, acredita que a beleza destes objetos estelares está a ser "obscurecida" pelo nome do explorador português.

E, por isso, Reyes está a planear apresentar um pedido à União Astronómica Internacional para renomear estas galáxias e outros objetos celestes, instituições e instalações associadas a Fernão Magalhães. Segundo o site Space, à astrónoma juntam-se outras centenas de pessoas que têm vindo a discutir este tema nas últimas semanas.



A professora argumenta, citada pelo The Guardian, que o explorador português não merece a "distinção celestial" pelo seu papel como "violento colonizador". A opinião de Reyes tem ecoado em inúmeros meios de comunicação. A astrónoma escreveu um artigo de opinião publicado na revista APS Physics, onde diz que Fernão de Magalhães cometeu "atos horríveis" nos territórios que hoje são Guam e as Filipinas, queimando aldeias e matando habitantes.

Reyes não deixa as estrelas sem escrutínio, mencionando que Magalhães não era astrónomo e não foi o primeiro a documentar as galáxias. Ela aponta para exploradores árabes e italianos que descreveram essas galáxias antes de Magalhães.

Apesar das críticas, o nome de Magalhães está em mais de 17 mil artigos académicos e associado a uma variedade de objetos astronómicos, desde crateras lunares até telescópios no Chile.

Agora, resta uma tomada de decisão por parte da União Astronómica Internacional. Até lá, continuará a dança cósmica dos argumentos e contra-argumentos quanto à presença do nome de Fernão de Magalhães nos céus.




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