O dia 8 de março assinala o Dia Internacional da Mulher e é bom lembrar as muitas mulheres que, ao longo da História do mundo, descobriram, inovaram, inventaram, criaram, se sacrificaram, lutaram, defenderam, produziram, congregaram, se entregaram a causas e inspiraram.

Também alguns dos pilares da civilização moderna são, mais do que inspirados, representados por mulheres.

É o caso das figuras da Liberdade, da Justiça e da República Portuguesa.

Duas delas são inspiradas em deusas da mitologia greco-romana e uma teve como modelo uma mulher alentejana.

Vamos conhecê-las melhor!


A Justiça



A mulher que representa a Justiça é a figura da deusa Thémis da mitologia grega.

Thémis era filha de Urano, o céu, e de Gaia, a Terra e mulher de Zeus, o pai dos deuses do Olimpo.

Thémis era conselheira do marido, criadora das leis e guardiã dos juramentos dos homens. Também as leis decretadas por Thémis eram respeitadas pelos deuses e pelos homens, de acordo com a mitologia grega.

Na Grécia antiga, esta figura da Justiça era representada com uma espada e uma balança nas mãos.

Mais tarde, em Roma, é a deusa da mitologia romana (inspirada na grega) Ivstitia que representa a Justiça. A balança mantém-se, com o fiel ao meio, e os olhos aparecem vendados.

A balança simboliza o equilíbrio, a ponderação e a adequação na aplicação da lei e a espada, a ordem, a prudência e aquilo que a consciência e a razão ditam.

A venda nos olhos, na época romana, significa a imparcialidade com que a justiça deve tratar todos por igual.

E a falta dela, no tempo dos gregos, representa a necessidade de a justiça ter os olhos abertos, sem deixar escapar nada, na aplicação da lei.


A Liberdade



A figura da Liberdade é inspirada na deusa romana Libertas.

Depois de vários templos, construídos em diversos lugares na Roma antiga, em homenagem à deusa, no ano 46 a.C., o Senado romano votou a favor de um santuário a Libertas, só que em vez desta edificação, foi colocada uma pequena estátua da deusa no Fórum de Roma.

Esta estátua da deusa romana Libertas inspirou várias representações da Liberdade como é o caso da mais famosa estátua da Liberdade do mundo, na Ilha da Liberdade, em Nova Iorque, inaugurada em 1886.

Esta estátua, do escultor Frédéric-Auguste Bartholdi, com 46,5 metros (92,99 metros com o pedestal), foi oferecida por França aos Estados Unidos, nas comemorações dos 100 anos de independência norte-americana.

A maior estátua da Liberdade do mundo chegou, aos Estados Unidos, em 350 peças empacotadas em mais de 200 caixas e levou 4 meses a ser montada.


A República Portuguesa

A República Portuguesa é representada por um busto feminino e teve como modelo uma mulher de carne e osso.

Essa mulher foi a alentejana Ilda Puga.

Nascida em Arraiolos em 1892, veio para Lisboa em busca de uma vida melhor e, com apenas 18 anos, serviu de modelo ao escultor a quem tinha sido encomendado um busto por Afonso Costa e João Chagas.



Ilda acabou por se tornar costureira e permaneceu em Lisboa, onde morreu com 101 anos, em 1993, sem deixar descendência.

Diz-se que foi bonita e também algo arrojada, já que aceitou inspirar o busto português da república que, à semelhança de outros na Europa, se apresenta de ombros nus, blusa com cadilhos meio soltos e olhar ousado.

O busto de Ilda Puga, ou o da República Portuguesa, foi colocado, em 1911, na Assembleia Constituinte, onde é hoje o Parlamento.