Se recuássemos no tempo cerca de 75 anos, encontraríamos Anne Frank a registar, no seu diário, o medo e o terror que sentia, ao viver um dos mais momentos mais trágicos da história do século XX.


A ocupação nazi da cidade de Amesterdão fez com que esta adolescente e a sua família (e tantos outros judeus anónimos) fossem obrigados a viver escondidos, sob pena de serem enviados para campos de concentração.


Na verdade, todos aqueles que se escondiam, no anexo secreto, acabaram presos ou enviados para campos de concentração. No caso de Anne Frank, a adolescente foi, em conjunto com a irmã, para o campo de concentração de Bergen-Belsen, onde acabaram por morrer.


Durante todos estes anos, entre 1942 e 1944, Anne Frank escreveu um diário que só viu a "luz do dia", em 1947, quando o seu pai, Otto Frank, decidiu publicá-lo, em homenagem à filha.


A partir daí, "O Diário de Anne Frank" tornou-se "um dos livros de não ficção mais lidos em todo o mundo", ao ponto de, em muitas escolas e bibliotecas, estar disponível para todos aqueles que o quiserem folhear.


Em Portugal, não é exceção e muito menos o é, em escolas espalhadas pelo mundo. Neste caso, falamos de uma, na Flórida, que, em vez de disponibilizar uma nova versão de "O Diário de Anne Frank" para os alunos, decidiu bani-la.


Trata-se de "O Diário de Anne Frank: A Adaptação Gráfica", que foi retirado das prateleiras da biblioteca da Vero Beach High School, depois de um grupo intitulado "Moms for Liberty" ter expressado a sua preocupação.


Escreveu o New York Post que este grupo de encarregados de educação considerou que algumas ilustrações desta nova versão contêm "conteúdo sexual implícito".


Em causa, está uma imagem em que a adoslecente passeia entre estátuas nuas que eram "sexualmente explícitas", tal como explicou o site Treasure Coast Newspapers, e uma outra em que "ela pede a uma amiga para mostrar o seu corpo e demonstra o seu desejo em beijá-la".


Para este mesmo grupo de mães, "o conteúdo do livro não é uma verdadeira adaptação do Holocausto".



O grupo de mães enviou as suas queixas ao diretor da escola, que determinou que "algumas partes do livro não contribuíam para os temas da educação sobre o Holocausto", de acordo com o site WPTV.


Esta nova adaptação ilustrada de "O Diário de Anne Frank" foi um dos quatro livros removidos das bibliotecas de escolas secundárias da Flórida. Os outros três fazem parte de uma série intitulada “Assassination Classroom” e que, segundo este mesmo grupo de encarregados de educação, "eram inapropriados porque continham ilustrações de alunos com armas numa sala de aula".


Estes quatro livros foram, assim, banidos, mas a escola informou que a versão original de "O Diário de Anne Frank" permanece disponível para os alunos.


A retirada de uma nova versão de "O Diário de Anne Frank", por parte de um grupo de mães, surge, após, numa outra escola da Flórida, uma professora ter sido alvo de queixas por ter mostrado a estátua de David, aos alunos de 6.º ano. Os pais destas crianças acharam o conteúdo inapropriado e o diretor da escola em questão viu-se obrigado a falar com a professora, que pediu a sua demissão.